Leves sorrisos, fugidios olhares, é o que me prende. Não é nem preciso que me contes dos teus caminhos, porque sei do calor que emana do teu corpo quando, no sofá, escuto o declamar de coisas que não conheço e tuas mãos correm em meus cabelos, com aquele jeito especial que é só teu. Cada fio enrolado em teus dedos é uma palavra de mim; um dizer que ofereço.Mergulho em teu olhar e o que vejo é puro prazer quando, sentindo muito além do que esperamos, as tuas mãos tocam-me nos lábios que, suavemente, com temor, deposito um beijo. Nesse instante de pura magia o coração acelera e como tudo que é mágico nos envolvemos em poesia.
A tua voz conhece o meu corpo, tantas foram as vezes desbravado, o tapete que tão bem conhece os nossos corpos e as nossas vontades e, por isso nos recebe. Se a noite é fria, nos aquecemos e de loucura nos cobrimos como feras em êxtase. Quero ficar perdido nesse sonho, real metáfora de uma saudade e acordar quando os teus lábios falarem aos meus do amor que somos nesse pensar e sentir. Somos a suprema fantasia, enleados numa mística realidade. Um deitar de corpos, um esculpir sereno de laços. Somos a construção do que construímos. Pedaços de textos e histórias em contrapontos. Grita em nós a pele que cobre o vermelho que a agita. Ama em nós o sentido que nos aproxima. Afinal quem és e como foi a tua aprendizagem a amar da forma que eu amo? Talvez seja a medida com que venho medindo. A palavra que espera um complemento. Ou talvez seja mesmo a metade de uma alma que deslumbrada cede ao toque e desperta sedenta desse amor que promete e que se realiza em mim. Pergunto sem cessar porque tenho tanto de ti. Por que é assim e por que confesso o intenso desbravar de sentires e quereres? Sou a tua vontade escondida, o reflexo do teu olhar e a simplicidade de uma sedução. Pois seja, eu confesso, parecemos inocentes certezas... Prova de que o amor não necessita de explicações; ele simplesmente acontece nos corpos que se procuram no infinito.