quinta-feira, novembro 30, 2006

Essa Cumplicidade

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Leves sorrisos, fugidios olhares, é o que me prende. Não é nem preciso que me contes dos teus caminhos, porque sei do calor que emana do teu corpo quando, no sofá, escuto o declamar de coisas que não conheço e tuas mãos correm em meus cabelos, com aquele jeito especial que é só teu. Cada fio enrolado em teus dedos é uma palavra de mim; um dizer que ofereço.Mergulho em teu olhar e o que vejo é puro prazer quando, sentindo muito além do que esperamos, as tuas mãos tocam-me nos lábios que, suavemente, com temor, deposito um beijo. Nesse instante de pura magia o coração acelera e como tudo que é mágico nos envolvemos em poesia.
A tua voz conhece o meu corpo, tantas foram as vezes desbravado, o tapete que tão bem conhece os nossos corpos e as nossas vontades e, por isso nos recebe. Se a noite é fria, nos aquecemos e de loucura nos cobrimos como feras em êxtase. Quero ficar perdido nesse sonho, real metáfora de uma saudade e acordar quando os teus lábios falarem aos meus do amor que somos nesse pensar e sentir. Somos a suprema fantasia, enleados numa mística realidade. Um deitar de corpos, um esculpir sereno de laços. Somos a construção do que construímos. Pedaços de textos e histórias em contrapontos. Grita em nós a pele que cobre o vermelho que a agita. Ama em nós o sentido que nos aproxima. Afinal quem és e como foi a tua aprendizagem a amar da forma que eu amo? Talvez seja a medida com que venho medindo. A palavra que espera um complemento. Ou talvez seja mesmo a metade de uma alma que deslumbrada cede ao toque e desperta sedenta desse amor que promete e que se realiza em mim. Pergunto sem cessar porque tenho tanto de ti. Por que é assim e por que confesso o intenso desbravar de sentires e quereres? Sou a tua vontade escondida, o reflexo do teu olhar e a simplicidade de uma sedução. Pois seja, eu confesso, parecemos inocentes certezas... Prova de que o amor não necessita de explicações; ele simplesmente acontece nos corpos que se procuram no infinito.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Amor e Loucura

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Contam que uma vez todos os sentimentos e qualidades dos homens se reuniram em um lugar da terra. Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre tão louca, lhes propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE, sem poder conter-se, perguntou:
- Esconde-esconde? Como é isso?
- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem. Quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupara meu lugar para continuar o jogo, da próxima vez que a gente jogar.
O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.
A ALEGRIA deu tantos saltos que acabou por convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessava por nada. Mas nem todos quiseram participar:
A VERDADE preferiu não esconder-se. Para quê, se no final todos a encontravam? A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo, o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela) e a COVARDIA preferiu não arriscar-se.
- Um, dois, três, quatro - Começou a contar a LOUCURA.
A primeira a esconder-se foi a PRESSA, que, como sempre, caiu atrás da primeira pedra do caminho. A FÉ subiu ao céu e a INVEJA se escondeu atrás da sombra do TRIUNFO, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.
A GENEROSIDADE quase não conseguia esconder-se pois, cada local que encontrava, lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos:
Se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA; se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ; se era o vão de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA. Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE. E assim acabou escondendo-se em um raio de sol.
O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris) e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões. O ESQUECIMENTO, não recordo-me onde se escondeu, mas isso não é o mais importante.
Quando a LOUCURA estava lá pelo 999.999, o AMOR ainda não havia encontrado um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores.
- Um milhão!!!!!! Contou a LOUCURA e começou a busca.
A primeira a aparecer foi a PRESSA apenas há três passos, atrás de uma pedra. Depois, escutou a FÉ conversando com Deus, no céu, Sentiu vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões. Em um descuido, encontrou a INVEJA e claro, pode deduzir onde estava o TRIUNFO. O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu disparado de seu esconderijo que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, sentiu sede e ao aproximar-se de um lago, descobriu a BELEZA. A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado se esconderia. E assim foi encontrando a todos.
O TALENTO entre a erva fresca, a ANGÚSTIA em uma cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano) e até o ESQUECIMENTO, a quem já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde. Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local.
A LOUCURA procurou atrás de cada árvore, em baixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito.
Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos. A LOUCURA não sabia o que fazer para se desculpar. Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia. O AMOR, então, concordou com o oferecimento da LOUCURA e, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra, O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.
"Quem não ama demais, não ama o bastante"